Terceirão recebe Chef Eduardo Poerner para discutir Slow Food e sustentabilidade alimentar
Pensar em um mundo sustentável, descarte de resíduos e consumo de alimentação natural já não é mais supérfluo, é essencial para a manutenção do nosso planeta. Em uma união das disciplinas de geografia e português, dentro do projeto Vestibular 100%, as professoras Francine Gabriele Pereira e Andresa Notari G. Magalhães, promoveram um momento de reflexão que começou com intenção de refletir estes temas mas acabou se transformando em uma conversa também sobre carreira, paixão pelo que faz e o papel de cada um como agente transformador do mundo.
Eduardo Poerner é Chef de Cozinha, ex-aluno Salesiano e descobriu sua paixão e sua forma de viver dentro da gastronomia. Ele participou de uma conversa com os Terceirões para contar sua experiência com incentivo de pequenos produtores, alimentos orgânicos e o movimento slow food. Francine explica que a ideia veio a partir dos estudos de agricultura, geopolítica e agrotóxicos dentro da disciplina de geografia, combinados com a recente liberação de mais agrotóxicos no Brasil, que é cotada como um dos temas para as redações no vestibular.
Os alunos puderam ouvir a história do chef, saber mais de suas crenças e descobrir como contribuir para repensar nossa relação com a alimentação e o consumo. Fizeram ainda muitas perguntas sobre carreira, trabalho, vida profissional e todas as dúvidas que surgiram. Um momento que sem dúvidas ficará na memória de todos os presentes.
Um estilo de vida
Foi aos 16 anos, enquanto já se aventurava cozinhando em casa com a mãe e a avó como referência, que recebeu seu primeiro convite para integrar uma equipe de cozinha. “Depois de ajudar com a ceia de natal de casa recebi um convite para trabalhar durante a temporada (comum em Balneário Camboriú). E isso se repetiu por alguns verões”.
Na faculdade foi que descobriu que seu trabalho seria também seu propósito de vida. Em 2013 Dudu embarca para Copenhage, na Dinamarca, para um estágio no NOMA, na época eleito como melhor restaurante do mundo. Lá conhece uma realidade de trabalho baseada em produtos locais, que fosse possível conseguir apenas na região, e muita criatividade no preparo de vários pratos tendo o mesmo alimento como base. Ele conta que nas épocas muito frias, os chefs pediam para a população por doações de produtos que tivessem em suas árvores em casa e a partir do que viesse criavam os pratos. Uma forma totalmente nova e sustentável de pensar a alimentação.
Foi daí que nasceu todo o conceito do restaurante Dudu, que existe hoje em Balneário Camboriú, e da vida do profissional. Dudu encabeça um movimento local de consumo de alimentos orgânicos, compra de pequenos produtores e fomento de cadeias locais, que contrariem a lógica de mercado dos menores preços. No youtube é possível assistir ao documentário “Expedição Soul”, gravado durante uma viagem do chef para conhecer produtores e produtos de Santa Catarina durante o processo de pesquisa para a criação do restaurante Dudu.
Como trazer a sustentabilidade para o dia a dia
Termos como slow food (do inglês “comida lenta”) tem recebido a atenção da mídia e, segundo Dudu, precisam e podem entrar em nossa rotina. Ele lista alguns atos simples que podem fazer parte do dia a dia:
– Comprar alimentos orgânicos mesmo contra a corrente de preço e oferta. Se compramos, mostramos que existe a demanda de mercado para esses produtos;
– Buscar comprar em feiras e direto de produtores locais. Fomentar a economia local traz benefícios para pessoas e para a cidade;
– Comprar apenas o que realmente precisa para evitar desperdício;
– Lavar bem verduras e legumes e utilizá-los mesmo com casca, assim você evita a produção de lixo;
– Separar lixo orgânico e reciclável e destinar os recicláveis em datas e locais corretos de coleta.