A crônica nossa de cada dia
Dando
continuidade aos estudos da Língua Portuguesa chegamos na crônica.
Mais um gênero literário envolvente e muito gostoso de construir…
Luis Fernando Veríssimo que o diga!
Bem,
o processo de construção deste conhecimento tem sido bastante
interessante: leitura e interpretação de ?Amores Grisalhos?
(Walcir Carrasco). Nossa! Que bela reflexão este texto possibilitou.
Na seqüência fomos aprofundando os conhecimentos sobre este gênero,
sempre trazendo presente as crônicas que já tivemos presente em
algum momento da vida escolar (o livro ?O Nariz? do Luis Fernando
Veríssimo foi um recurso interessante neste momento) e nos deparamos
com a Clarice Lispector em ? Declaração de Amor?. E que
declaração a Clarice faz para ?nossa Língua Portuguesa?.
Ah!
E o mais interessante foi o contato que os alunos do 1º EM tiveram
com alunos das 6ªs séries que iniciaram o ano trabalhando crônica,
já que este é o primeiro assunto do seu livro. Adoramos a presença
da Letícia e Mariana em nossas salas, lendo as suas produções,
explicando o seu processo de aprendizagem e incentivando-os a
escrever. Quanta riqueza esses nossos livros nos trazem. Parabéns
pessoal! E vamos em frente que a escrita nos espera!
Leia abaixo algumas das produções de nossos alunos.
Emilia A. Mendes – Profª
de Língua Portuguesa dos 1ºs EM
Solidão
Acompanhada
Para início de conversa, a
arte é sensibilidade e vida. Alam e sentimento. Maravilhoso!
Quantas vezes em nosso
cotidiano nos sentimos ?tocados? ou ?emocionados? pelas
canções, por um poema, por uma bela história, pela maestria de um
escritor?
Minha mãe, ao olhar para o
obra de Hopper (uma moça retratada em roupas íntimas, sentada na
cama de um quarto impessoal e lendo) disse:
—- Moça corajosa! Está ali
sozinha, longe dos seus, em busca dos seus sonhos e objetivos.
Curiosa, perguntei:
—- O que você acha que ela
está lendo?
—- Sem dúvida nenhuma, a
Bíblia! ? respondeu-me ela. O artista retratou um momento muito
intimo e acho que ela procura na Bíblia as respostas que gostaria de
ter para as suas dores
Minha mãe tem uma visão de
mundo muito particular e complexa. Quis que o assunto fosse
prolongado e então lhe contei que o sentimento mais forte que tive
ao olhar a obra foi o de solidão.
—- Solidão acompanhada. ?
disse ela. Talvez seja este o ?mau do século?…
—- Como assim? ? Indaguei –
querendo ouvir mais o que ela tinha pra dizer.
—- Quando não somos
autênticos, sinceros, serenos e amorosos, ou seja, intensos, vivemos
por viver e criamos verdadeiros abismos entre nós e o próximo; daí
estamos rodeados de pessoas que não conhecemos e que não nos
conhecem; enfim, estamos sozinhos, entende?
Esta conversa aconteceu há
alguns dias e acho que entendi o que minha mãe quis dizer. Espero um
dia poder ensinar isto a alguém importante. Com certeza, lembrarei
da força daquelas palavras.
Deus salve a arte, que nos
proporciona reflexões como esta!
Maria de Lourdes Z. P.
Deglmann- 1º C – EM
Memórias de uma Paixão
No dia 04 de junho, a
felicidade tomou conta do meu corpo. Eu estava encantada, tinha
conhecido minha ?alma gêmea?. Tivemos uma noite perfeita, tomada
pela paixão! Nunca tinha me sentido daquele jeito antes, desejada e
amada por alguém. O nome dele era Carlos, o único homem da minha
vida… eu estava realizada!
Como infelizmente a vida não é
feita de apenas de coisas boas, muitas pessoas sofrem por amar alguém
que está longe, outras por amar e não ser correspondida. No nosso
caso, nós nos amávamos e ele estava perto, o que fazia eu me sentir
a pessoa mais sortuda e feliz do mundo.
No dia seguinte a noite
maravilhosa, quando eu estava tomando banho, alguém jogou, por baixo
da porta, uma carta, aquela que mudou a minha vida.
Na carta dizia: ? minha
querida, ao seu lado a vida é bela, você me ensinou a amar. Hoje eu
posso entender que o que falta para mim é você. Tudo está ligado
de alguma forma e para nós dois, é em forma de paixão. De tudo o
que vivi e conheci, você é a minha maior inspiração. Tenho
certeza de que está brilhando em mim a luz de um grande amor, pois
eu nunca desejei de maneira tão forte ter alguém ao meu lado, só
para mim. ? tudo como um sonho lindo, então por que esperar, se eu
te quero agora? Me aguarde! Com carinho, Carlos.
Deu tempo de eu trocar de roupa
e alguém bater na porta. Era ele, com um buquê de rosas vermelhas e
provocantes nas mãos.
Depois de alguns meses nos
casamos, fomos muito felizes e tivemos lindos ?frutos?. Então
ele ?partiu? com o seu romantismo inabalável,
que nunca vou esquecer.
Ana Paula Silva dos Santos ?
1º C – EM
Presente de Deus
Estava em meu quarto, pronta
para começar a me arrumar, pra deitar, eram exatamente 21h15 min,
quando ouvi a campainha. Fui até a porta, abri, mas não havia
ninguém, só a maldita carta. Nunca vou me esquecer daquela noite
(5/4/03) a qual passei a maior tristeza da minha vida.
Sentei-me na cama para ler a
tal carta; no começo achei que era só uma linda declaração de
amor, mas na verdade era, apenas um adeus. Ele agradecia por ter
vivido alguns momentos mais felizes de sua vida; porém, tinha que
nos deixar… é,, falo nos deixar, pois eu tinha , há alguns dias
atrás, lhe revelado que ali comigo havia um fruto do nosso amor, um
filho que só iluminaria ainda mais a nossa união.
Naquele momento, senti meu
coração partindo de tristeza, a única coisa que me prendia e me
dava força para continuar a viver, era meu bebê; pois realmente as
pessoas que merecem nosso amor, nossas lágrimas, são os filhos.
Respirei bem fundo, enxuguei as
lágrimas que tomavam conta do meu rosto e segui com muito orgulho
minha vida, sem ódio no coração; pois apesar de tudo, ganhei meu
maior e melhor presente: a honra de ser chamada de ?mãe?.
Maria Tereza Zimmermann ? 1º
C – EM
Eternas enquanto duram
Um
dia estava indo à faculdade pelo mesmo caminho, quando encontrei uma
antiga amiga de infância que brincou comigo por vários anos de
minha vida:
–
Oi, Carla! Lembras de mim?
–
Claro que sim! Como iria esquecer-me?
–
Nossa, eu mudei muito desde aquela época…
–
Mas mudou pra melhor, não? Que corpão!
–
Estás mais bonita do que nunca!
–
Ah, muito obrigada! Assim me deixas envergonhada!
–
Fiquei sabendo também que estás casada…
–
Sim, sim, minha felicidade está em alta!
–
Estou muito feliz por você! Sabias que eu estou trabalhando com a
Roberta?
–
Ah, é?
–
Sim, e nós estamos indo muito bem nos negócios!
–
Que maravilha!
– Vou ter que ir agora, fique
com meu cartão e me ligue, para relembrarmos os velhos tempos,
tchau!
Alguns dias passaram e não
liguei. Não deu vontade, sabe? E foi aí que percebi, que com o
passar do tempo, as amizades da infância perdem o seu verdadeiro
valor. Acho que ela também não quis me ver…
Luiza Santos da Fonseca de Lima
? 1º C EM