Palestra com o Sr. Adérito
As Sextas séries estão estudando na disciplina de História a África na atualidade. Para que os alunos conhecessem mais sobre aquela realidade, a Profª Rose Moroni convidou o pai do colega André que enriqueceu muito a aula partilhando suas experiências. Leia o relato da aluna Julia Stahelin sobre a palestra proferida pelo Sr. Adérito, que gentilmente esteve com a turma no dia 30 de outubro.
“No dia 30 de outubro de
2006, o Sr. Adérito, pai do André, veio nos contar um pouco mais sobre Angola.
Sr. Adérito começou nos
explicando mais sobre o país. Nos disse que Angola é um país muito rico, tem a
maior exportação de diamantes e é bastante rico na agricultura. Angola tem
aproximadamente 12 milhões de habitantes, e seu território é mais ou menos do
tamanho do estado do Paraná. Além de ser muito rico, Angola é um país que tem
80% de sua população analfabeta. Lá são falados o português e alguns dialetos que
só os ?nativos mais antigos? conhecem e sabem falar.
Sr. Adérito nasceu em
Angola, e morou na cidade de Benguela, mais ou menos até seus 12 anos de idade,
quando começou uma guerra civil. Sua cidade foi invadida, estavam destruindo
casas e famílias, e ainda teve a desagradável visão: um soldado apontando a
arma para a cabeça de seu avô, ajoelhado, implorando para que eles não o
matassem.
Depois disso, seus familiares fugiram para África do Sul. Mas lá chegando
não conseguiram visto de permanência e essa mudança acabou não dando muito
certo, pois lá a língua mais falada é o inglês. Então, resolveram definitivamente
vir para o Brasil.
Sr. Adérito nos contou
que não foram todos os seus familiares que vieram para o Brasil, alguns
continuaram em Angola, e com alguns ele mantém contato até hoje.
Na decisão de vir
definitivamente ao Brasil, foram 7 barcos que saíram de Angola, mas um deles
quebrou no meio do caminho. Como só tinham homens nesse barco, todos
conseguiram se salvar sendo resgatados pelos outros barcos. Essa travessia
durou 22 dias, e quando chegaram a Itajaí, foram todos muito bem recebidos, mas
continuaram morando nos barcos por mais 6 meses, pois não tinham casa e nenhum
conhecido na nova cidade. Sr. Adérito chegou ao Brasil no ano de 1976, como
refugiado.
Sr. Adérito nos contou
bastante de como era nos barcos quando veio para o Brasil. Em seu barco a
maioria eram crianças, tomavam um banho por semana, pois tinham que economizar
água, e a comida era totalmente regulada.
Quando começou a morar na
cidade de Itajaí e a freqüentar as escolas, Sr. Adérito nos contou sobre a
curiosidade de seus novos amigos da escola que queriam saber como que era a
África, pois para eles, a África era selva, onde existiam vários animais ferozes
e de diferentes espécies. Mas além das crianças, seus amigos de escola, os
adultos também se interessavam em saber como foi para ele a experiência de
viver em um país em que estavam acontecendo tantos conflitos, e de ser um país
um pouco distante do Brasil.
Adorei conhecer a
história do Sr. Adérito, que teve a oportunidade de viver em outro país e de
nos contar como foi a sua história, e um pouco mais sobre Angola!”